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29/03/2016 - Alta de 18% do minério de ferro contraria projeções pessimistas

Publicada em 2016-03-04

O minério de ferro não está seguindo o roteiro, pelo menos para os pessimistas. A commodity que pensavam que cairia novamente neste ano por causa do aumento da oferta de baixo custo e da demanda ruim subiu 18%, firmando-se acima dos US$ 50 por tonelada.

A recuperação, que fez o minério de ferro registrar um desempenho superior ao de todos os membros do Bloomberg Commodity Index em 2016, provavelmente tenha sido impulsionada pelo reabastecimento das siderúrgicas chinesas e por algumas interrupções de origem climática nos embarques na Austrália, segundo a Capital Economics.

Esses fatores favoráveis podem ser temporários, disse a empresa.

A escalada do minério de ferro acompanhou a recuperação do preço de outras commodities, incluindo petróleo e metais industriais.

O diretor executivo da Glencore, Ivan Glasenberg, disse na terça-feira que as matérias-primas haviam chegado ao piso e o Australia New Zealand Banking Group informou em um relatório, nesta quinta-feira, que o sentimento em relação às commodities mudou na última quinzena, citando as altas do petróleo e do minério de ferro. Os preços do aço na China também subiram.

\"Os preços [do minério de ferro] cairão novamente, talvez antes do fim do segundo trimestre\", disse Caroline Bain, economista de commodities da Capital Economics em Londres.

\"A produção de aço chinesa poderá cair de forma bastante aguda neste ano\", enquanto a produção de ferro australiana continuará subindo, disse ela por e-mail.

Os aumentos do minério de ferro deste ano foram ajudados por um ciclone tropical, em janeiro, que interrompeu alguns embarques em Port Hedland, na Austrália, o maior terminal de exportação de granéis do mundo.

Além disso, as siderúrgicas chinesas começaram a acelerar a produção após o recesso pelo ano-novo lunar em fevereiro.

A recuperação contrasta com os três anos seguidos de prejuízos, gerados pela oferta de baixo custo mais elevada das maiores mineradoras, entre elas a brasileira Vale e as australianas BHP Billiton e Rio Tinto Group, e pelo enfraquecimento da demanda por aço na China.

O minério com 62% de conteúdo entregue em Qingdao caiu 2,5% nesta quinta-feira, para US$ 51,20 a tonelada, segundo a Metal Bulletin. A commodity atingiu US$ 38,30 em dezembro, nível mais baixo dos preços diários desde 2009. Os preços subiram 19% em fevereiro, maior aumento registrado desde dezembro de 2012.

A Rio Tinto disse na quinta-feira que a expansão global da oferta internacional de ferro deverá superar o crescimento da demanda no curto prazo. O CEO Sam Walsh alertou no relatório que o próximo ano deverá ser \"particularmente difícil\" para o setor.

Contudo, o ressurgimento do minério de ferro tem sido positivo para as ações das mineradoras. A BHP atingiu a maior alta em três meses em Londres, na quinta-feira, com ganhos respaldados pelo acordo judicial relacionado ao rompimento da barragem da Samarco em Minas Gerais, no Brasil.

A Rio Tinto subiu 3,5%, enquanto a Fortescue Metals Group teve uma alta de 6,7%, fechando no nível mais alto desde outubro em Sidney. As três empresas são as maiores exportadoras da Austrália.


Demanda chinesa

A demanda por aço da China, que responde por metade da oferta global, deverá encolher novamente neste ano, enquanto os estoques de minério de ferro nos portos continuam elevados mesmo com a alta dos preços.

O consumo de aço na maior economia da Ásia se reduzirá em mais 5% neste ano, após uma queda de 5% em 2015, projetou a Moody\'s Investors Service nesta semana.

O estoque portuário de minério na China subiu 0,2% na semana passada, para 95,75 milhões de toneladas, nível mais alto desde maio, segundo a Shanghai Steelhome Information Technology. Nos últimos 12 meses, os estoques aumentaram 13%.

\"As interrupções de curto prazo na oferta foram o principal motor\" da alta recente do minério de ferro, disse o National Australia Bank em relatório recebido na quinta-feira, que mantém a projeção de que os preços registrarão uma média de US$ 42 neste ano.

\"Não acreditamos que essa alta seja sustentada devido à fragilidade dos fundamentos do mercado\".

Fonte: Uol

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Fonte: UOL Economia

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