O setor de gusa mineiro, que já vinha sofrendo com a alta dos preços do minério de ferro e do carvão no mercado internacional, teme agora os efeitos na demanda interna, em função da crise imposta pelo novo coronavírus (Covid-19).
No primeiro trimestre deste ano, foi observada estabilidade nos negócios frente à mesma época de 2019, graças às exportações, que cresceram cerca de 15% no período. A tendência é que os embarques continuem favorecendo o setor no restante do exercício.
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG), Fausto Varela Cançado, o desempenho dos primeiros três meses de 2020 refletem encomendas recebidas anteriormente à pandemia. Conforme ele, embora tenha havido algum recuo nos pedidos da China no início do ano, os efeitos serão sentidos nos próximos meses.
"Temos uma defasagem entre as vendas e os embarques. No caso da China, nosso maior comprador (acima de 40%), houve uma baixa no início do ano, mas agora que a demanda por parte das siderúrgicas brasileiras caiu, o gigante asiático voltou a consumir, com a retomada das atividades por lá", explicou. Outros grandes mercados do setor mineiro estão nos Estados Unidos e Europa.
Assim, Cançado admitiu que poderá haver algum efeito para o setor a partir de junho, uma vez que para este mês e o próximo já há entregas programadas. “Estamos cautelosos, pois além das incertezas quanto à pandemia, há o cenário de preço baixo e custos elevados que prejudica a competitividade do setor há anos”, completou.
Sobre o desempenho no exercício, o presidente do sindicato disse ainda não ser possível fazer qualquer projeção. Conforme ele, apesar da expectativa favorável com que o ano foi iniciado, tudo vai depender dos impactos econômicos da doença nos mercados externo e interno daqui para frente.
Antes do coronavírus, o setor de gusa do Estado estimava alta de 10% neste exercício sobre o ano anterior.
Reforma – Por fim, o dirigente reiterou, mais uma vez, a necessidade da aprovação efetiva das tão esperadas reformas estruturais, como a administrativa e a tributária, que não saíram do papel, e terão os calendários ainda mais retardados por causa da pandemia.
Segundo o empresário, a indústria nacional dependerá destas medidas para recuperar as perdas com a paralisação de algumas atividades como medida de distanciamento social ao combate ao coronavírus, a partir das recomendações das autoridades de saúde do mundo inteiro.
"O governo já tem feito uma série de ações que está ajudando aos empresários a passar por este momento, como a própria flexibilização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a concessão de crédito e a suspensão ou adiamentos de tributos, mas no período posterior à pandemia, elas não serão suficientes para ajudar na recuperação do setor privado nem no fechamento das contas do setor público", alertou.
Data: 22/04/2020
Fonte: diariodocomercio.com.br
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Fonte: | UOL Economia |
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